Sempre disposta a ajudar, mas nunca a pedir ajuda
Por algum motivo, me dispor a ajudar alguém sempre será mais fácil do que pedir ajuda. Não deveria ser tão complicado, deveria?
Como eu disse na minha news ‘Você já se arrependeu de amar?’, o ser humano gosta de complicar as coisas, e gosta tanto que até parece algo com o qual já nascemos com.
Eu não sei você, que está lendo isso, mas eu tenho dificuldade em pedir ajuda. As vezes, o mundo está caindo na minha cabeça e eu direi que está tudo bem se alguém perguntar, e se me disser ‘se precisar, me fala!’, eu vou concordar sem pestanejar e, depois disso, descartar completamente a ideia.
Por que é tão difícil? Eu sinto que prefiro sufocar na minha angústia a pedir ajuda de alguém.
Parece um pouco problemático pensar dessa maneira, e isso me traz o questionamento: de onde vem esse pensamento nada saudável?
Sinceramente, eu nunca consegui descobrir qual o X da questão. Por algum motivo que está bem enterrado no fundo da minha mente, eu tenho essa dificuldade extrema em pedir ajuda, a minha mente me diz que os meus problemas são meus problemas e que não devo incomodar ninguém com eles.
Eu realmente não preciso que alguém resolva meus “angus” por mim, mas as vezes, uma simples conversa, um desabafo, ajuda a diminuir o peso que a gente carrega nas costas. Não é necessário que nos seja apresentada uma solução imediata, tudo que é necessário é um ombro pra chorar e um ouvido pra escutar reclamações.
Pra mim, é difícil permitir que alguém veja meu lado mais vulnerável… o meu lado que eu julgo um fracasso (alôô, eu preciso entender que choramingar por um problema que surgiu não é sinônimo de fracasso). Digo a mim mesma com certa constância que esse é um lado que, se mostrado a qualquer um que conviva comigo, eles vão perceber que eu sou só uma farsa. Que eu não sou essa pessoa legal e compreensiva com a vida que sabe levar as coisas de forma leve e sem reclamar. Vão perceber o ser humano quebrado que eu sou. E penso que vão me condenar. Me condenar por desabar quando meus problemas me mordem na bunda, me condenar porque há tantas outras pessoas que passam por situações mil vezes mais difíceis e enfrentam de cabeça erguida, me condenar porque eu não aceito quando algo não vai como eu gostaria.
Acredito que isso me faz não pedir ajuda em nenhuma hipótese.
O problema maior está em mim, como podem ver.
Eu não aceito minhas falhas e temo que os outros pensem da mesma maneira.
Realmente, não sei dizer de onde vem esses pensamentos, eu não tive pais rigorosos que não aceitavam falhas.
Partindo desse ponto, por que eu sou uma garotinha retraída assim, então?
Um dia desses, eu passei por um perrengue e não disse nada pra ninguém, fiquei quietinha em casa chorando em posição fetal na minha cama. É assim que eu lido com meus b.os. Eu choro.
Por um momento, o mundo parece que vai acabar, mas depois de duas horas de choro, eu posso ver a situação com maior clareza e assim não tentar resolver nada com base em emoção.
Você obviamente não sabe disso, mas eu sou uma garotinha do interior que se mudou para a capital em busca de um futuro. Eu moro sozinha e o meu namorado é o único ser que eu tenho nessa cidade - e pasmem, ele viajará em cinco dias para um lugar em que provavelmente vai passar 8 meses.
Pois bem, pra quem eu vou pedir ajuda, você me pergunta.
No meu tempo aqui, eu fiz duas amizades. Peço ajuda delas? Não.
Meus confidentes nessa vida são a minha mãe e o meu namorado. Peço ajuda dos dois? Não.
Inclusive, eu ouvi um pequeno sermão do meu namorado por conta disso. Eu sempre fico xoxa e capenga quando ele tem um problema e não me conta, mas na hora de fazer o mesmo, eu grito, corro e fujo bem rápido. Não tenho moral pra cobrar, né?
Em meio a choro e ranho no peito dele, ele me disse: “Eu amo quando você cuida de mim. Me deixa cuidar de você.”
Isso me fez perceber como eu costumo guardar tudo dentro de uma caixinha e não permito que alguém de fora da minha cabeça saiba sobre o que está acontecendo.
E me fez pensar que, quando eu escondo as coisas assim, pode dar a entender para a outra pessoa que não confio nela, mesmo que não seja esse o caso.
Eu sou a primeira a estender a mão quando eu vejo que alguém importante pra mim precisa de ajuda. As vezes, eu nem posso fazer muito, mas oferecer palavras de conforto basta para acalmar um coração agitado e preocupado. Eu não penso duas vezes em ajudar, mas na hora de receber ajuda, a situação muda. Percebo que, assim como estou disposta a dar, devo aprender a receber.
Sabe, nós não precisamos aguentar tudo sozinhos. É óbvio que você deve ser cuidadoso com quem compartilha suas coisas, nem todos no mundo querem o seu bem. Mas, cara, por que deveríamos nos torturar de tal forma quando podemos dividir o peso com alguém?
Como eu disse, não é necessário que alguém resolva nossos problemas por nós, só que é ótimo poder contar com alguém quando precisar. E, sabe, as vezes nem precisamos contar em detalhes, apenas dizer “ei, algo ruim aconteceu. podemos fazer algo juntos? isso pode ajudar minha mente a se distrair e se acalmar.”
Chorar sozinho nem sempre é a melhor maneira de lidar com as coisas, as vezes, o melhor jeito é passar um tempo com quem a gente ama, é fazer algo que muito gosta.
Eu achei que sozinha poderia fazer tudo, e meu querido me disse que eu posso fazer tudo e ganhar o mundo sozinha se assim desejar, mas também me mostrou que uma mãozinha não faz mal a ninguém e que pedir ajuda as vezes não vai me matar.
A gente tem que parar de pensar que pedir ajuda é um sinal de fraqueza ou um incômodo. Nunca será para aqueles que verdadeiramente nos apreciam.
Buscar ajuda não é um sinal de fraqueza, mas de inteligência, porque em alguns momentos tudo o que precisamos para transformar nossas vidas é calar as nossas próprias vozes e simplesmente ouvir o que o outro tem a dizer.
— Luiza Fletcher
Está tudo bem em desmoronar as vezes, não há como todos os dias serem bons. E está tudo bem em pedir ajuda, permita-se ser cuidado por alguém.
Muito escritora